quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Algo que todo Lobisomem deve saber

Você já deve ter notado (ou se não, note) que a Lua sempre mostra a mesma face para a Terra, e apenas a sua região de sombra se modifica, com o passar dos dias. Isso não é por acaso: há uma razão por trás disso, e que vou demonstrar agora.

Primeiro, precisamos ter uma noção de como trabalha a Força Gravitacional. Isso mesmo, a força da gravidade é aquilo que nos mantêm seguros no chão, e que mantém a Lua girando em torno da Terra; é uma força de atração entre os corpos. Essa força depende de dois fatores: a massa dos corpos que se atraem (quanto maior sua massa, maior a força), e a distância que os separa (quando maior a distância, menor a força).
Para o nosso caso, como a massa da Terra e da Lua são aproximadamente constantes, será relevante entender que a força gravitacional é mais fraca quando a distância entre os corpos é maior. À partir disso, não deve ser difícil perceber que a força gravitacional que atua na face da Lua mais próxima à Terra é maior que a força gravitacional que atua na face oposta, que está mais distante. No diagrama 1 abaixo, está demonstrado essa situação (quanto maior a seta, maior a força).
Mas você deve notar que, se você pega um objeto qualquer e faz, em uma ponta dele, uma força maior que na outra, ainda que na mesma direção, essa diferença nas forças tende a fazer o corpo se esticar, ou seja, como se nele estivessem agindo duas forças com direções opostas, como mostrado no diagrama 2. Isso é o que chamamos de efeito de maré, e ocorre não só com a Lua, mas também com a Terra.
A grande diferença está no fato de que a Terra possui uma grande massa de água, e a água pode ser deformada mais facilmente: quando a massa de água da Terra "se estica", dá origem às marés. Mas com a Lua isso não ocorre, pois ela é feita de rocha. Dessa maneira, se a Lua possuísse um movimento de rotação em relação à Terra, ela teria que ser deformada constantemente, o que no seu caso é muito mais difícil. Por essa razão, é energeticamente mais eficiente para a Lua mostrar sempre a mesma face para a Terra, uma vez que ela não precisa se "redeformada" dessa maneira.
Agora vocês sabem que, além de mostrar sempre a mesma face para a Terra, a Lua é levemente ovalada na nossa direção. Hm... vou fazer um omelete. Até a próxima!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Quando se leva um tiro

Esses dias eu vi uma review interessante sobre um dos filmes que mais desafia as leis da Física: "Triplo-X", e pensei em mostrar algo no qual os filmes, principalmente os mais antigos, sempre têm feito de forma errada: o que acontece quando uma pessoa leva um tiro?

Você pode observar que, na grande maioria das cenas, a pessoa é atirada para trás com violência, algo que nem sempre corresponde ao que aconteceria em uma situação real, e que é apenas utilizado como efeito cinematográfico. Vou demonstrar porque.
A primeira coisa que quero deixar claro é o conceito de simetria de translação. É algo bem simples, na verdade: significa que, se você observa um fenômeno físico, simétrico por translação, a 10 metros, é a mesma coisa de se olhar o mesmo fenômeno a 20 metros. Se você vê alguém levando um tiro a uma curta distância, ou a uma longa distância, o efeito será o mesmo. Tendo vencido esse obstáculo, passamos para o próximo.
A simetria de translação leva diretamente à uma lei de conservação do momento linear total, que alguns conhecem por  quantidade de movimento. Basicamente, a quantidade de movimento de um corpo é a sua massa multiplicada por sua velocidade. A lei de conservação diz que se somarmos a quantidade de movimento dos dois corpos (pessoa + bala), essa quantidade se conserva, mesmo depois que a bala atinge a pessoa. Agora, vamos observar o fenômeno em si:
Em um momento inicial, temos uma pessoa parada, e uma bala vindo em alta velocidade em sua direção. Aqui, vou considerar uma 9mm na norma americana, cuja massa é m = 8g e a velocidade média é v = 367m/s, e uma pessoa adulta de m = 70 kg = 70000 g. Vamos calcular, então, a quantidade de movimento inicial:

Sabemos, pela lei de conservação que descrevi acima, que mesmo depois que a bala atinge a pessoa, essa quantidade de movimento deve ser a mesma. Após a colisão da bala, o nosso sistema passa a ser um corpo, de massa igual à soma das massas da pessoa e da bala ( m = 70008 g), se movendo com uma velocidade v, que vamos determinar agora:
Após o tiro, a pessoa é arremessada para trás com uma velocidade de v = 0,042 m/s, ou v = 0,151 km/h. Bem menor do que aquela mostrada nos filmes.
Uma exceção à essa regra, que aliás nunca foi exibida por motivos óbvios, aconteceu nas gravações do filme O Corvo, onde em uma cena, Brandon Lee foi atingido por uma bala de verdade (0.0). Os negativos da gravação de sua morte nunca foram revelados.
Enfim, quando você vir um filme, de agora em diante, e alguém for atingido por uma 9mm, você pode conferir se ela voa pra trás feito um beija-flor, ou sai mais ou menos com a velocidade que encontramos acima. Ou como diria o Austin Powers: "Não pense muito nisso e divirta-se.". Até mais.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Pássaros e Choques Elétricos

Se você mora, como a maioria da população, perto de um poste de luz, e onde não existam problemas para o aparecimento de pássaros, você já deve ter se deparado com a cena de um pássaro pousado num fio. E se você se pergunta: "Por quê esse bicho não toma choque?" ou outra pergunta similar, hoje eu vou explicar por que isso não acontece.

Se você já leu a minha postagem "Quando se acende uma lâmpada", já está familiarizado com o conceito de diferença de potencial. Os corpos caem porque o potencial do alto é maior do que o potencial do chão, e a corrente elétrica existe porque o potencial elétrico em um ponto do fio é diferente do potencial em outro. Os elétrons (que são os agentes da carga elétrica) tendem a ir onde o potencial é menor. Então, vamos concordar em uma coisa: a diferença de potencial é fundamental para que haja corrente elétrica.
Agora, vamos ao segundo ponto importante para o nosso problema: o conceito de resistência elétrica. Resistência elétrica é a dificuldade que um material apresenta para a passagem da corrente elétrica através dele. Em resumo, quanto maior a resistência elétrica, menor é a corrente que o atravessa, dada uma mesma diferença de potencial. É como se você botasse um funil no meio da água saindo da torneira: quanto menor a boca do funil, menos água passa. 
O caso é que, no fio de luz, o potencial varia com a distância. Se, por exemplo, o pássaro pousasse com um pé só, o ponto em que ele toca o fio possui um potencial elétrico, mas não possui diferença de potencial. Agora, vamos supor que o pássaro está pousado com as duas patinhas, como normalmente faz. Nesse caso, a distância entre as suas patas não é suficiente para gerar uma diferença de potencial capaz de produzir uma corrente passando pelo seu corpo, e a corrente continua passando pelo fio, como se o bicho nem estivesse lá. Mas se a distância entre as patas do pássaro forem aumentando, essa distância pode sim, ser suficiente para que a corrente passe pelo corpo do animal, já que a resistência elétrica dele permite que ela passe. Pra dar uma ideia, se o pássaro se desequilibrar e acabar tocando a asa em um ponto mais afastado de sua pata, ou mesmo em outro fio, já era.
Só pra vocês saberem, dependendo da distância em que um ser humano toca o fio com as duas mãos (se for próxima o suficiente), é possível que não ocorra um choque elétrico, mas vocês não vão arriscar, não é?
Enfim, agora vocês sabem porque os pássaros não tomam choque quando pousam no fio, e porque eles não ficam treinando fazer "abertura zero" enquanto estão lá.

sábado, 19 de novembro de 2011

A perfeição na natureza: Fibonacci



Recebi emails de dois matemáticos (que provavelmente sabem quem são agora), perguntando porquê ainda não fiz nenhuma postagem sobre Matemática. Pois bem, aqui estou eu, e vou falar sobre Matemática, aliás, sobre um dos temas que mais fascina sobre a matéria: a sequência de Fibonacci. Logo vai ficar explicado o porquê de eu ter usado um girassol no início da postagem.
Fibonacci foi um matemático foda (pra variar) que viveu na Itália no século XII e, ao contrário do que muita gente imagina, não criou a referida sequência de Fibonacci, mas apenas a utilizou de maneira a resolver alguns problemas. Partindo para a sequência em si, a ideia é bem simples: ela começa com 0 e 1, e daí em diante os próximos números são obtidos somando-se os dois números anteriores, no que resulta em 0,1,1,2,3,5,8,13,... Se estiverem interessados em um problema resolvido com esta sequência, vou colocar um link no fim da postagem.
Agora vem a parte interessante. Utilizando esta sequência, podemos montar a seguinte figura:
Os números dentro dos quadrados identificam o tamanho do lado. Essa espiral vermelha é a Espiral Fibonacci (dada a criatividade dos homens da Ciência). Essa espiral pode ser encontrada em diversas formas na natureza, como no caramujo Nautilus, ou nas folhas de algumas plantas.

Mas a sequência de Fibonacci ainda guarda algo incrível: se você for dividindo um número dessa sequência pelo anterior, por exemplo: 1/1, 2/1, 3/2, 5/3... à medida em que essa sequência cresce, essa razão tende ao número 1,618. "Tá, 1,618, grande coisa." Esse número é conhecido como número áureo phi, e estabelece a razão de crescimento de milhares de coisas na natureza. Pra vocês terem uma noção, se você divide o comprimento do seu braço pelo da sua mão, dá 1,618. Se quiser saber mais sobre o número phi, recomendo que visite outro site no final da postagem.
Enfim, para os matemáticos que me enviaram os emails, aqui está um texto bem informativo sobre um assunto fascinante da Matemática, que abre portas para pesquisas até hoje. Deu até vontade de ler o Innumeracy do John Allen Paulos denovo. Vou fazer isso agora. Até mais!


Os coelhos de Fibonacci: http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm99/icm31/coelhos.htm
O número de ouro: http://www.goldennumber.net/index.htm

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Um grande exemplo de Difração

Alguma vez você já viu, num dia nublado, uma imagem como a da figura abaixo?
Nessa imagem, o Sol encontra uma abertura nas nuvens e os raios passam por ela. O caso é que, como você deve concordar, a luz sai do Sol e anda em linha reta, certo? Então, se prolongarmos cada um dos raios que você está vendo na figura acima, eles têm que se encontrar no Sol. Mas se fizermos isso, como é possível observar, chegaríamos a conclusão de que o Sol está a apenas alguns quilômetros da Terra!
De acordo com a direção dos raios de luz que vemos na imagem, a sua fonte não está tão distante quanto os Livros de Física nos fazem pensar.
O que acontece é que, ao encontrar uma abertura na nuvem, os raios solares que a princípio chegam paralelos à Terra, sofrem o que chamamos de Difração.
A difração acontece sempre que uma onda (como a luz do Sol, nesse caso) atravessa uma fenda. Ela causa um desvio na propagação da Luz, diferente daquele previsto pela óptica geométrica. Se não houvesse a difração, todos os raios continuariam em linha reta, de maneira que veríamos todos eles paralelos, como mostra a figura abaixo:

Então, da próxima vez que vir os raios de Sol saindo do meio das nuvens desse jeito, segure o queixo e lembre-se de que se trata de um grande fenômeno de difração.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Uma bússola feita de vacas

Vacas são bichos fenomenais.
Mas você já notou que o gado pasta olhando mais ou menos na mesma direção?
Pois é verdade. O Dr Sabine Begall, da Universidade de Duisburg-Essen, na Alemanha, já fazia o estudo de ratos e como o magnetismo influencia esses animais. Agora, ele passou a estudar o comportamento do gado doméstico, e obteve um resultado curioso: As vacas estão, na maioria, olhando para o Norte ou para o Sul.
Os pesquisadores coletaram cerca de 308 fotos no Google Earth, ao redor do mundo, e puderam perceber esse comportamento nos 8 510 animais fotografados. "Às vezes passávamos horas tentando encontrar uma foto com boa resolução", diz Begall em entrevista à BBC News. Não era possível identificar a cauda e a cabeça nas fotografias, de maneira que só era possível determinar que os animais olhavam na direção Norte-Sul."

Essa tendência das vacas se alinharem de acordo com o campo magnético terrestre vem do fato de esses animais possuírem uma "bússola" biológica em seus corpos, tal como os pombos. Agora, o grande desafio dos cientistas é descobrir como exatamente isso é útil para as vacas.
O caso é que nós sabemos como isso pode ser útil para os seres humanos: se você algum dia se perder, e der de cara com um monte de vacas, agora você pode dizer, com precisão razoável, onde é o Norte.
Espero, no entanto, que nunca precise...

No site oficial da BBC News: http://news.bbc.co.uk/2/hi/7575459.stm

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Papo de Pólos

A Terra gira. Desde Galileu essa afirmação não é mais posta à prova, e a temos como fato. O caso é que, se a Terra gira, então devemos esperar que, como um pião, dois pontos de sua superfície não se movam com o tempo: esses pontos são os pólos Norte e Sul Geográficos. Se encontrarmos o eixo em torno do qual a Terra realiza seu movimento de rotação, ele passaria seguramente por estes dois polos. Mas não confundam causa e efeito: Esses polos foram determinados por serem os pontos que ficam "parados" no movimento de rotação, e não o contrário.
Agora, e os pólos Norte e Sul Magnéticos? Para responder à essa pergunta, primeiro vou explicar a teoria mais aceita de como é formado o campo magnético Terrestre. É um campo magnético que envolve nosso planeta, resultado dos movimentos do metal líquido (praticamente ferro) que constitui o núcleo do planeta. O resultado dessa massa girando cria um campo magnético que se assemelha a um imã, porém, com os pólos invertidos (em um imã, as linhas entram no pólo sul).
Como você pode ver na imagem, existem dois pontos na superfície da Terra em que essas linhas de campo magnético saem praticamente perpendiculares (fazendo um ângulo de 90º) à superfície. Esses pontos são os pólos Norte Magnético (onde as linhas entram), e Sul Magnético (onde as linhas saem). Devido à maneira de como estes pólos magnéticos são localizados, suas posições estão sujeitas a uma série de fatores, principalmente relacionados ao núcleo da Terra. Existe, de fato, um movimento de deriva de suas posições, que por incrível que pareça, não precisam ser exatamente opostas, como seria de se imaginar. É dito inclusive que, de milhares em milhares de anos, sua polaridade é invertida (!), mas isso já é assunto pra outra hora.
Polo aquático é handebol na água.
Até mais!

Curiosidade: a intensidade do campo magnético terrestre, na nossa região (América do Sul), é de aproximadamente 0,2 Gauss, ou 20 mT.

Imagem retirada de http://www.viewzone.com/magnetic.weather.html

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Café e Varais

É consenso que a água entra em ebulição a mais ou menos 100º C. Isso é perfeitamente confirmado pelos nossos olhares atentos quando temos que fazer café... ou miojo. Existem, ainda, teorias de conspiração a serem confirmadas, como o fato de que a água demora mais a ferver quando olhamos pra ela, mas isso é um distúrbio da percepção que estou guardando para uma postagem futura.
O caso é que, se a água ferve a mais ou menos 100º C, por quê a roupa do varal seca?
Para começar a responder a essa pergunta, farei uma desambiguação (que é fazer vocês entenderem que duas coisas diferentes são, de fato, coisas diferentes): Uma coisa é evaporar, outra coisa é entrar em ebulição. A água entra em ebulição (no caso do café) quando atinge a temperatura de 100º C, e passa do estado líquido para o estado gasoso. Assim, ela sai na forma daquela fumacinha. Mas, para evaporar, outros fatores, além da temperatura, devem ser levados em consideração. A saber, um deles é a umidade relativa do ar. Vou me contentar em explicar essa.
A umidade relativa do ar depende do que chamamos de pressão de vapor. Quando você coloca água em um copo, deve notar que parte do copo tem água líquida, e no resto tem, a princípio, ar - só que, nesse ar, há uma pequena concentração de vapor de água. Duvida? Por que você acha que, quando você bota água gelada no copo, ele fica "suado" por fora? Acha que a água está escapando pela parede? Enfim, o caso é que, na superfície da água em equilíbrio dentro do copo, dois processos estão ocorrendo o tempo todo: água está virando vapor e vapor está virando água, só que como esses dois processos ocorrem à taxas iguais, a quantidade de água e vapor fica sempre a mesma.
Até aqui tudo bem. O problema é que, se a temperatura aumenta, ou a umidade relativa do ar ambiente é menor que a da superfície, a água vira vapor até que aquele mesmo equilíbrio que a gente tinha antes volte.Se a umidade relativa do ar fosse de, digamos, 100%, a água nunca iria evaporar, pois o equilíbrio seria atingido com a roupa ainda molhada.
Então, enquanto colocarmos as roupas para secar no varal, mesmo com o tempo nublado, ainda assim poderemos ter certeza de que a pressão de vapor cuidará para que a água evapore, e o seu café vai ter que continuar sendo feito a mais ou menos 100º C, sem varal.

sábado, 15 de outubro de 2011

Lambendo gelo

Uma pergunta que eu adorei nessa semana, com o fim do inverno no Hemisfério Sul, foi: "Por quê o gelo gruda no metal?" Bom, para começar a responder a pergunta, terei de explicar um conceito muito útil: o de capacidade térmica.
A capacidade térmica de um material é a quantidade de calor que devemos fornecer a ele para aumentar sua temperatura, ou a quantidade de calor que devemos retirar dele para que sua temperatura diminua. Assim, materiais como os metais possuem baixa capacidade térmica: com pouco calor a sua temperatura aumenta. Já a madeira, por exemplo, tem alta capacidade térmica, e é preciso grandes quantidades de calor para aumentar sua temperatura. Isso leva ao fato de que os cabos das panelas são feitos de madeira, pois ela não esquenta fácil.
A segunda informação importante para o nosso problema é o conceito de equilíbrio térmico. Quando dois corpos de temperaturas diferentes são postos em contato, o mais quente fornece calor para o mais frio até que eles tenham a mesma temperatura, ou seja, até que o equilíbrio térmico seja atingido.
Tendo passado essa informação essencial, vamos à resposta do problema:
O gelo, geralmente, está à uma temperatura abaixo de 0 ºC, pois se estivesse acima, seria água líquida. Quando você toca esse objeto frio com um metal à temperatura ambiente, ele derrete um pouco da superfície do gelo que toca, e entre o metal e o gelo aparecem  partículas de água líquida. Mas o metal tem baixa capacidade térmica, ou seja, não precisa perder muito calor para se esfriar, e entra em equilíbrio térmico com o gelo rapidamente, adquirindo uma temperatura abaixo de zero. Então, aquela água que tinha aparecido entre o gelo e o metal volta a se solidificar, e age como a "cola" entre o gelo e o metal.
Pelo mesmo motivo, nos países frios, não se deve nunca tocar a língua molhada numa pedra de gelo, pois nesse caso ela ficaria grudada e seria necessário chamar os bombeiros para retirar seu valioso órgão da pedra gelada, derretendo-a. No Brasil não há tanto problema, uma vez que a nossa temperatura ambiente já cuida do derretimento da pedra de gelo e te salva de uma situação levemente embaraçosa.
Moral da história: podem lamber gelo tranquilos pessoal, já que vivemos num país tropical.

P.S.: Se você tentar grudar gelo em um metal que já está abaixo de zero, ele não gruda.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Só de curiosidade: A História do Velcro

Muita gente diz que o velcro, assim como o forno de microondas e o telefone celular, foram inventados por alienígenas, e seus projetos encontrados misteriosamente em computadores da NASA. Quanto ao forno de microondas eu não sei ao certo, mas eu sei que o telefone celular foi inventado por um aficionado por Star Trek que decidiu que aquele comunicador do Capitão Kirk era muito legal pra ficar na ficção. Mas hoje vou dar atenção ao meu primeiro exemplo.
O velcro, acreditem, foi descoberto por um cara bem humano. O nome dele é George de Mestral, suíço, e o que é mais importante: ele tinha um cachorro. Um belo dia (não tão ensolarado, uma vez que estamos na Suíça), o seu Jorge resolveu passear com seu cachorro. Quando chegaram em casa, ele notou que algumas sementes das árvores no caminho haviam grudado ao pelo do animal. Veja bem, sementes fazem isso afim de serem transportadas para outras áreas, assim como algumas viajam pelo vento. George de Mestral, sujeito curioso, notou que algumas sementes estavam, também, presas às suas calças - os suíços, assim como a maioria das pessoas que vivem em locais frios do planeta, dão bastante atenção às calças. Ele, então, resolve observar no microscópio como aquelas sementes estavam tão presas, e o que ele viu foi uma imagem mais ou menos assim:
Ele percebeu que a semente possuía pequenos ganchos, que se agarravam ao tecido, criando uma conexão difícil de se romper. Então ele pensou: "Eu posso construir um fecho que utilize esse mesmo princípio: um lado feito com ganchos, como os da semente, e o outro feito de veludo, como minhas calças." Ele deu à sua invenção o nome de Velcro: a mistura das palavras veludo e crochê, em suíço (embora em português também funcione). O cara que tinha criado o zíper estava em maus lençóis.
Mesmo tendo encontrado alguma resistência, George de Mestral, com a ajuda de um tecelão francês, conseguiu produzir algumas unidades. Após aperfeiçoado, o design foi patenteado na década de 50, e Mestral formou a "Velcro Industries", que hoje é uma empresa multimilionária.
Coisa de E.T.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Puxar ou Empurrar: Eis a questão

Uma dúvida que recebi nesse fim de semana e achei extremamente interessante foi: o que é mais fácil, puxar ou empurrar?
Bom, primeiro vamos deixar as coisas bem claras: a princípio, a diferença entre puxar e empurrar é a posição que você se encontra entre o objeto e a direção na qual você quer movê-lo. Quando você empurra, você está exercendo uma força que faz com que o objeto se afaste de onde você está, mas quando puxa, a força que você faz traz o objeto para onde você está. Portanto, se é um corpo humano quem está realizando o trabalho de puxar e empurrar, então, por mais que não haja diferença na força que é exercida, com certeza há uma posição mais confortável para um dos dois, e esta depende de quais músculos se está utilizando, etc.
O caso é que, se eliminarmos o fator humano da nossa experiência - por exemplo, se estamos considerando apenas de que maneira a força exercida será mais útil, então não há diferença entre puxar e empurrar, uma vez que, para botar qualquer objeto em movimento, basta que ele vença aquilo que chamamos de força de atrito estático, que é a forcinha que age na superfície de contato entre o objeto e o chão que dificulta a sua movimentação. Para vencer a força de atrito estático, não importa se você puxa ou empurra, a força que se deve exercer é a mesma.
Agora, em se tratando de praticidade, há situações em que, de fato, puxar ou empurrar têm uma diferença fundamental. Alguns casos são, diria, clássicos:
i) Um carro com a bateria descarregada: deve-se empurrar, pois o risco de atropelamento é menor.
ii) Subir com uma caixa pesada num morro: deve-se amarrar uma corda e puxá-la, pois caso você se canse, ela não passa por cima de você.
Enfim, fisicamente falando, não há diferença entre puxar e empurrar, mas na vida prática muitas vezes temos que recorrer a algo além da Física pura e simples, levando em consideração a praticidade e o conforto.
A sua coluna vertebral agradece.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A Convenção de Genebra


Hoje não vou falar tanto sobre Física. Levando em consideração que já fiz a postagem do mês, vou me dar a liberdade de falar apenas de um assunto que me fascina como pessoa: A Convenção de Genebra. Mas vamos começar a história desde o princípio. Pra quem não sabe, existe uma coisa fantástica chamada "crime de guerra", e se há crime, é porque existe lei. As leis que regem uma guerra foram criadas nas chamadas Convenções de Genebra, que aconteceram entre 1863 e 1946, na cidade suíça. Essas convenções tinham como objetivo geral determinar regras que valeriam para as nações e seus constituintes, quando esses estivessem em guerra, tudo mais ou menos para evitar que Guerra fosse confundida com assassinato (o que, aliás, não funcionou, como qualquer pessoa que tenha lido "The Biglow Papers" sabe). De acordo com a última convenção, as leis de uma guerra são mais ou menos essas:
1. Da Frente de Batalha e Prisioneiros:
 i) É proibido o uso de armas químicas;
 ii) Prisioneiros de guerra devem fornecer seu nome e patente corretamente, sob punição da perda do direito à tratamento com humanidade e da proteção contra violência;
 iii) Prisioneiros podem ser visitados por um representante de seu país e têm o direito de conversar reservadamente, sem a presença do inimigo;
 iiv) É proibido matar quem tenha se rendido;
 v) É proibido o uso de balas explosivas ou que causem sofrimento desnecessário;
 vi) É proibido o ataque hostil, com projéteis de qualquer calibre, a balões e paraquedistas;
 vii) É proibido o ataque a cidades desprotegidas;
 viii) Se um exercito ocupar um país estrangeiro, deve providenciar alimento aos habitantes locais.
2. Dos Mortos e Feridos:
 i) Cabe aos países em guerra a identificação dos mortos e o informe aos familiares;
 ii) Devem haver zonas demarcadas para tratamento de doentes e feridos nas áreas de batalha;
 iii) É permitido o livre transporte de medicamentos;
 iv) Os hospitais civis demarcados com o símbolo da Cruz Vermelha são protegidos contra ataques.
3. Dos cuidados especias à Marinha:
 i) Tripulantes de navios afundados devem ser resgatados pelo adversário, e levados em segurança para terra firme;
 ii) Submarinos não podem afundar navios comerciais ou de passageiros sem antes retirar seus passageiros e tripulação.
A violação desses Tratados pode levar a juízo nas cortes internacionais de justiça.
Ainda não sei porque eles simplesmente não jogam War. Até mais!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O Mapa de Piri Reis

Hoje em dia temos o Google Earth, mas antigamente, construir um mapa do planeta Terra, ou mesmo de uma região dele, era tarefa para os cartógrafos: homens normalmente ligados à navegação e que dispunham de recursos escassos e muitas vezes meras descrições vagas sobre a terra que visavam representar. Os mapas, principalmente na época das Grandes Navegações (séculos XV e XVI), adquiriram importância fundamental, e grandes avanços foram feitos na maneira como os homens enxergavam o planeta Terra.
Até aí, tudo bem. Os mapas tinham sua importância conhecida, e os cartógrafos possuíam as informações necessárias para fazerem o melhor possível e traçar da melhor forma possível, os litorais descritos pelos relatórios dos navegadores. Seria tudo muito simples, se não fosse a descoberta do Mapa de Piri Reis, em 1929, no Museu Topkapi, em Istambul. Este mapa é uma representação da costa do Atlântico Sul, datado de 1513. O próprio Piri Reis deixou registrado as fontes que ele teria usado para desenhar o tal mapa, o que leva ao grande mistério por trás dele: O mapa trás desenhada a costa da Antártida. Daí você pensa: tudo bem, talvez ele usou o mapa de alguém que já teria navegado até lá, e desenhou no seu mapa. O caso é que, no mapa de Piri Reis, a Antártida aparece como seria vista sem a cobertura de gelo. Só conseguimos saber atualmente, a forma do Continente Antártico sem essa cobertura através de análises sísmicas. A cobertura de gelo teve início aproximado em 4000 a.C., ou seja, as referências de Piri Reis para desenhar a Antártida data de uma civilização desta época. A questão é, que civilização teria vivido em 4000 a.C. que teria praticado a cartografia, ou mais específicamente, a cartografia de um continente aparentemente afastado geograficamente de qualquer outra civilização conhecida até então? Alguns céticos consideram que o mapa não trata do Continente Antártico, e sim uma extensão da América do Sul, onde estaria representada até a Terra do Fogo e as Ilhas Malvinas, mas tudo muito abertamente. Até hoje, o Mapa de Piri Reis carrega seus mistérios, e trata-se de um assunto fascinante da Cartografia. Melhor que o Google Earth.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A Pulseira

Tudo bem, essa semana me fizeram uma pergunta enquanto eu estava comendo que quase me fez ter um ataque. Me perguntaram como funciona aquela pulseirinha do equilíbrio, daquelas que passavam na Ana Maria Braga, e afins. Bem, o caso é que não posso explicar como funciona algo que não funciona.
Colocando um pouco de contexto na história, as pulseiras do equilíbrio eram muito populares até a alguns anos atrás, quando um bando de esportistas e estrelas de cinema andavam por aí exibindo-as. De acordo com a empresa responsável pelo produto, as pulseiras melhoravam o equilíbrio, o vigor e a flexibilidade do usuário. Isso tudo através de um efeito quântico da produção de íons pela pulseira. O caso é: a tal pulseira libera tantos íons quanto um relógio digital. De fato, o efeito da pulseira é muito mais psicológico do que qualquer outra coisa. Mas isso não sou eu quem está dizendo.
Há alguns anos, a ACCC (Australian Competition and Cosumer Commission) venceu a guerra contra as pulseiras, que enfrentavam uma série de denúncias, após uma série de testes em laboratório que, imaginem só, comprovaram que as tais pulseiras não poderiam absolutamente ter o efeito que lhe era atribuído.
Portanto, senhoras e senhores, me sinto um Mythbuster dizendo que, quando se trata da pulseirinha do equilíbrio, é mito.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Eficiência

Quando se trata de empresas e sua relação com os pesquisadores, a palavra de lei é "Eficiência". Um bom resultado para uma pesquisa trata-se de algo que torna o trabalho de uma empresa mais eficiente, e consequentemente mais lucrativo.
Há um tempo atrás me fizeram uma pergunta até bem simples: "Por quê os caminhões que transportam gás (ou líquido) são redondos?". Essa é a pergunta que vou responder agora.
Quando você vê uma fotografia dos planetas do Sistema Solar, vai notar que todos eles são redondos. Acha que é por acaso? Pois bem, o caso é que a forma esférica é a forma energéticamente mais eficiente. Isso quer dizer que, para um mesmo volume, a esfera é a forma que tem a menor área superficial. De maneira mais simples, você já notou que, qualquer animal, quando vai dormir se enrola todo? Isso porque ele tenta se aproximar o máximo possível da forma esférica, fazendo com que a parte do seu corpo em contato com o ambiente diminua, fazendo com que ele perca menos calor e mantendo-se aquecido.

Nos tanques de combustível, por exemplo, o formato redondo do tanque traz eficiencia e segurança: A pressão se distribui uniformemente (no caso dos gases) nas paredes do tanque, evitando vazamentos e o formato esférico não permite que nenhum combustível fique dentro do tanque quando este é esvaziado. Por causa disso, as empresas de transporte optam por esse tipo de reservatório quando fazem o transporte de seu produto.
E assim todo mundo fica feliz. Eficientemente feliz.
Até a próxima.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

"Sobe, sobe, balão."

Estava eu, andando de bicicleta. Vocês não tem noção de quanta Física existe em uma bicicleta. Mas, ao contrário do que o título da postagem indica, o que vou falar não tem muito a ver com bicicleta: tem a ver com balões.
Enquanto andava de bicicleta, olhei pra cima e vi uma balão, desses de gás hélio, que pra quem não sabe é mais leve que o ar, o que faz com que ele suba indefinidamente. Isso me fez lembrar de uma pergunta que me fizeram um tempo atrás: "Por que, a uma certa altura, o balão estoura? É por que lá em cima é muito frio?"
Para responder a essa pergunta, primeiro vou explicar o conceito de pressão atmosférica. Por incrível que pareça, o ar pesa. Se você botar um balão vazio sobre uma balança, e um cheio, o cheio vai pesar mais. Sabendo que o ar pesa, imagina que existe uma atmosfera inteira sobre a sua cabeça, nesse momento. Essa massa de ar toda exerce uma pressão em tudo o que existe na Terra, o que chamamos de pressão atmosférica. Essa pressão, como devem imaginar, diminui a medida em que subimos, uma vez que a quantidade de ar em cima da nossa cabeça diminui, enquanto subimos um prédio, decolamos num avião, ou vamos para o espaço (se você for uma pessoa realmente foda). Tendo isso em mente, vamos ao problema do balão.
O balão tem gás hélio dentro, que como é "mais leve" que o ar, vai subindo. Como ele vai subindo, a pressão atmosférica ao redor dele diminui, certo? Certo. Agora, o que acontece com a pressão dentro? O gás hélio, desde que você encheu o seu balãozinho aqui na Terra, quer desesperadamente sair do balão, ou seja, ele também faz uma pressão no balão, de dentro pra fora. Quanto mais gás hélio no balão, maior é essa pressão - resultado: a pressão que o hélio faz, de dentro pra fora no balão, depende diretamente da quantidade de hélio no balão.
Se você enche o balão de hélio e fecha, a pressão dentro dele vai permanecer constante, uma vez que não entra nem sai mais hélio do balão. Agora ele começa a subir, e a pressão do lado de fora diminui, enquanto a de dentro permanece a mesma. Sabe o que acontece? O hélio começa a vencer, fazendo o balão aumentar e aumentar, a medida que sobe. Quando o balão atinge certa altura, ele fica muito grande, e a borracha vagabunda de que é feito não aguenta e "Ka-Boom!" (você jura que eu não ia usar essa palavra?).
Balões de hélio são comumente encontrados em parques de diversões e circos. Da próxima vez que ver uma criança com um, peça pra ela ver o que acontece quando ela solta, depois saia correndo do pai dela.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Indígenas e Salva-vidas.

Índios são foda. Acredito que todo mundo concorde comigo quando eu digo que uma civilização que sobrevive no meio da Floresta Amazônica, e quase não usa roupa, deve ser foda. Mas essa não é, na minha opinião, a grande virtude dos indígenas: acredito que seja a capacidade de pescar com lança. Os índios sabem, por exemplo, que você não deve mirar exatamente onde está vendo o peixe, e sim um pouco acima, pra acertá-lo.
Isso se deve a um fenômeno da óptica chamado "Refração". A luz, quando passa para um meio onde sua velocidade é diferente, muda a direção de sua trajetória de acordo com uma lei chamada "Lei de Snell". Daí o espertinho vai falar: "Peraí, quer dizer que a velocidade da luz não é fodásticamente grande e C-O-N-S-T-A-N-T-E?". O que acontece é que, no caminho que a luz percorre em determinado meio, ela encontre obstáculos (átomos), e é então absorvida e reemitida por esses átomos. É como um Físico tentando andar por uma calçada cheia de gente (Ver A arte de caminhar pelas calçadas ). Mas esse não é o caso. O caso é que os índios corrigem esse efeito da mudança de direção, quando pescam.

Mas por quê essa mudança na direção ocorre? Bem, é aí que entra o salva-vidas. A luz tende sempre a seguir o caminho que leva o menor tempo possível entre dois pontos, mas nem sempre esse caminho é uma linha reta. Imagine que uma pessoa esteja se afogando no mar, e o salva-vidas tem que chegar até ela no menor tempo possível. Você acha que o caminho percorrido é uma linha reta?
A resposta é não. O rapaz caminha muito mais rápido na areia do que na água, e isso é fato. A velocidade dele nos dois meios (areia e água) é diferente, e por isso ele deve tentar ficar um pouco mais de tempo na areia. A trajetória que ele deve percorrer, acreditem se quizer, é exatamente aquela prevista pela Lei de Snell.

Assim, os índios continuam pescando na Amazônia, e os salva-vidas que conhecem as leis da refração continuam sendo mais eficientes dos que os que não sabem.
Até a próxima.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Descendo pelo Ralo

Não aconteceu comigo só uma vez, quando no fim de festa, ou numa mesa de bar (quando, em ambas as situações, todo mundo já tava bêbado...), alguém me fazer a boa e velha pergunta: "É verdade que no hemisfério Sul a água desce pelo ralo em sentido diferente que no hemisfério Norte?". O que se seguia, normalmente, era um Físico embriagado tentando explicar para um bando de leigos embriagados um dos fenômenos mais interessantes da mecânica. Hora de desvendar mais uma parede desse labirinto.
Pra começar, todo mundo sabe que a Terra gira, de oeste para leste (ou da esquerda para a direita), de maneira que o sol nasce na África antes de nascer aqui. Agora, sempre podemos imaginar que, se pensarmos apenas nesse movimento de rotação, existem dois pontos da Terra que nunca se movem: os pólos Norte e Sul. Tendo deixado isso bem claro, passamos a outro ponto: O período de rotação da Terra é aproximadamente 24 horas. Isso significa que qualquer ponto da Terra deve voltar ao mesmo ponto que estava 24 horas atrás. Porém, a Terra é, ao contrário do que meu avô diz, redonda. Isso faz com que um corpo que está no equador tenha que percorrer um caminho muito maior em 24 horas do que um corpo que esteja, por exemplo, em um dos trópicos. Mas não importa o caminho, ele DEVE SER PERCORRIDO EM 24 HORAS; e vale à pena agora lembrá-los de que velocidade é o caminho percorrido, dividido pela tempo gasto: isso nos leva a concluir que o corpo situado no equador deve girar muito mais rápido do que o corpo no trópico, ou, de maneira extrema, um corpo situado nos pólos tem velocidade zero. Essa aberração mecânica em referenciais em movimento circular, tais como muitos outros, é conhecida como efeito de Coriolis (leia-se coriolí). Por causa dessa diferença de velocidade, para nós que estamos no hemisfério sul, tudo o que está ao norte gira mais rápido da esquerda pra direita, fazendo com que redemoínhos e grandes furacões girem no sentido horário no nosso hemisfério. Em fotos de satélite, pode-se perceber esse efeito nas grandes massas de nuvens.
Agora, quando alguém me pergunta sobre a água na sua pia, ou no vaso sanitário, pode desistir de observar qualquer efeito de Coriolis. A força tratada nesses fenômenos é muito pequena em comparação com as outras forças que agem numa pia, ou numa descarga.
Se você se interessou sobre as "forças de Coriolis" e o "efeito Coriolis", proponho um exercício mental. Imagine-se em um carrossel, com uma bola na mão, e um amigo na outra ponta. Agora, tente atirar essa bola pra ele, em linha reta: que movimento você verá a bola fazer, tendo atirado-a pra frente?
Me despeço deixando esse problema pra vocês resolverem, na prática quem sabe.
Até mais.

No Hemisfério Sul, sobre a Austrália:

No Hemisfério Norte, sobre os EUA:

Mapa do Labirinto