sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Impressões Digitais e Calças Jeans

Há muito tempo não posto nada aqui, e embora não pareça, tem muita gente que cobra. Pois bem, hoje vou falar de um assunto nem tão relacionado com a Física, mas que intriga muita gente e que vale à pena comentar.
Atualmente, quando se fala em impressão digital, sempre se imagina aquela em que você pega suas fotos da sua câmera digital e resolve "revelá-las". Não é disso que eu vou falar. Vou falar dessas marcas que todo mundo tem nos dedos.
Muita gente não sabe, mas a impressão digital é feita na gestação. Durante séculos, a impressão digital é utilizada para identificar as pessoas, uma vez que essa marca é única e individual. Existem no entanto, cerca de 3 mil pessoas no mundo que não as têm. Essas pessoas sofrem da Síndrome de Nagali. Isso não impede, obviamente, de algumas pessoas simplesmente perderem a impressão digital ao longo da vida, seja por problemas associados ao clima ou porque se machucaram, ou até por que simplesmente não têm o dedo mesmo.
Provavelmente você deve estar se perguntando o que isso tem a ver com calças jeans. Pois bem, assim como as impressões digitais, não existem duas calças jeans iguais no mundo. Se você reparar, não existe. Sempre se dá um jeito de colocar um detalhe a mais, um bolso diferente, alguma coisa que a diferencia das outras.
Então, saiba que a sua calça jeans também é um jeito de te diferenciar das outras pessoas, a única diferença é que outras pessoas também podem usá-la, e nesse caso não é um perigo.
Até mais.

terça-feira, 27 de julho de 2010

A Física da Privada

Uma homenagem a um grande amigo, que levantou essa humilde questão no final de uma pizza: "Como funciona a privada do banheiro?"
A primeira coisa que temos que saber, é que dentro da privada, longe do alcance de nossos olhinhos inocentes, existe um sifão. O sifão é basicamente um tubo entortado que impede que o vaso fique vazio, ou que transborde. Esse sifão funciona baseado no princípio dos vasos comunicantes. Tal princípio afirma que, se dois recipientes estão cheios de um líquido, e conectados por ele, então o nível do líquido nos dois recipientes é sempre igual. É o que acontece, por exemplo, num nível usado em construções. Uma demonstração simples desse princípio é: dois recipientes, ligados pelo fundo por um tubo. se você enche um, a água passa pelo tubo e vai para o outro, até que o nível da água dos dois fique igual.
Enfim, voltando ao assunto, o sifão usa esse princípio para manter o nível da água da privada naquele que a gente conhece.
A segunda coisa é: quando você puxa a cordinha (ou aperta o botaozão em alguns casos), você libera cerca de 7 litros d'água cano abaixo, e essa água toda vai para um cano circular que fica ao redor da "boca" da privada (isso mesmo, você senta em cima dele!). Esse cano é todo furado, e faz com que a água que desce seja igualmente distribuida em toda a circunferência do nosso aparelho. O que temos agora são 7 litros de água, mais merda (acharam por um minuto que eu não ía usar essa palavra?), procurando um lugar pra escoar. A única opção da nossa mistura divertida é pelo caminho do sifão, lá embaixo. Água + merda passa por ele, e logo depois ele reestabiliza o nível da água, utilizando o já explicado anteriormente princípio dos vasos comunicantes. Quando você solta a cordinha (ou o botaozão), a água para de descer pelo cano furadinho, e o processo da descarga se dá por encerrado. Parabéns!

Para aqueles fãs da ciência simples das coisas complexas, vai o link de um episódio de "O Mundo de Beakman" onde ele explica exatamente tudo o que eu falei.
Divirtam-se, crianças!
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/videos/como-funciona-a-descarga-de-uma-privada.php

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Desmistificando a Força Centrípeta

Muita gente acha essa força muito louca. Aliás, tem gente que acha inclusive uma piração dos Físicos. "Como uma força apontando pro meio mantém um troço rodando? O troço devia ir pro meio! Issa m@#%erda não faz sentido!" Relaxem, crianças. Hoje vou explicar exatamente o funcionamento dessa força, e porquê nós não caímos no Sol por causa dela.
Em primeiro lugar, um cara fodão que muita gente venera chamado Isaac Newton, diz na sua segunda lei que "F = m . a". O que essas três letrinhas, colocadas dessa forma, querem dizer é que, quando você faz uma força "F" em alguém com massa "m", a pessoa ganha uma aceleração "a". A maioria dos problemas de mecânica são resolvidos usando essa simples equação. O grande problema é determinarmos exatamente a força "F" que atua no corpo: Sua intensidade (quantidade), sua direção (horizontal, vertical, etc.) e seu sentido (pra cima, pra baixo, etc.).
Para resolvermos esse problema, usamos um método muito útil, chamado de "Diagrama de corpo livre". O que fazemos nesse caso é isolar o corpo de massa "m" que queremos estudar, e desenhamos todas as forças que atuam sobre ele. Prestem bem atenção: "SOBRE" ele. No diagrama de corpo livre não podemos incluir a força que o próprio corpo faz. "Ah! mas porquê? Lá vem a robalheira dos Físicos!". Simples: a força que o corpo faz não lhe fornece nenhuma aceleração, só a que ele sofre. É como se você tentasse levitar puxando os próprios cabelos (não tentem isso em casa). Então, consideraremos agora uma situação de movimento circular. Um muleque com uma corda, girando uma pedra amarrada na ponta. Uma representação simples é essa:

Agora que deixei claro o problema que vou tratar, vamos fazer o diagrama de corpo livre para a pedra girando, afinal, é ela que fica em movimento circular. Para isso, isolamos a pedra do resto das coisas, e pensamos em quais forças agem sobre ela. A maneira mais simples de fazermos isso é:
"Quais corpos existem no nosso sistema?"
"A pedra e a corda."
"Nós queremos o diagrama da pedra. Quais corpos existem além da pedra?"
"Só a corda."
"O que acontece com o movimento da pedra se nós sumirmos com a corda?"
"Ela sai pela tangente, podendo até acertar alguém."
"Logo, podemos dizer que a corda atua na pedra, mantendo seu movimento circular?"
"Acho que sim, ela segura a pedra, não deixando ela ir pra longe."
Se você conseguiu acompanhar cada passo desse monólogo, vai perceber que a corda puxa a pedra sempre para o centro da trajetória. E essa força é a única que cai no nosso diagrama de corpo livre: a força que a corda faz na pedra. O diagrama, então, fica assim:

Onde a seta representa a força que a corda faz na pedra.
Então, pela segunda lei do nosso amigo Newton, essa força causa uma aceleração "a", sempre para o centro da trajetória, que chamamos de força centrípeta.
Agora vem a pergunta que não quer calar: "Por quê nós não caímos no Sol?" ou melhor "Por quê a pedra não bate no menino que tá segurando a corda, se existe uma força puxando ela pra lá?". Uma boa pergunta, que exige uma boa resposta: Se fizermos, agora, o diagrama de corpo livre da corda, veremos que a única força que age nela é a da pedra, tentando sair pela tangente, que aponta pra fora do centro. Essa força tende a manter a corda esticada, e existe por causa da terceira lei do mesmo Newton. A corda paga o preço de manter a pedra em movimento circular, sofrendo uma força que a mantém esticada.
O que é importante que seja entendido é que a força responsável por manter o movimento circular é a que a corda faz na pedra, não a que a pedra faz na corda. Provar isso é muito simples. Se você tirar a corda, a pedra voa em alguém (por isso não faça isso em casa também.).
À primeira vista, é claro, pode parecer absurda a idéia da força centrípeta, e isso é completamente compreensível. Mas as Leis de Newton, os diagramas de corpo livre e alguma meia dúzia de experiências ajudam a dismistificá-la, se compreendermos as idéias mais básicas por trás dela.
Até a próxima!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O Método Científico e as Gorduras

Existe uma variedade de maneiras pelas quais um cientista pode fazer uma descoberta. Vou apresentar aqui uma delas, que já foi muito usada, há um bom tempo atrás.
Vamos supor que você queira saber de onde vem o calor. Você pega um bloco de papel e começa a anotar tudo onde existe calor envolvido. Depois você começa a anotar tudo aquilo onde não tem calor envolvido. Depois, veja só, compara as duas listas. Se suas listas forem completas o suficiente, é bem capaz de conseguir elaborar uma boa teoria para o calor.
Esse método foi proposto por um filósofo muito divertido chamado Francis Bacon, que viveu nos séculos XVI e XVII, e do jeito que ele fazia, só tinha um problema: raramente funciona (risos). Isso porque ele não dá tanto valor à hipótese: se as tabelas estão completas, ele considera de antemão que se atinge a hipótese correta. Mas, problemas à parte, a criação desse método levou ao início da Ciência moderna, e isso não podemos jogar fora.
O bacon do porco, ao contrário do que muita gente pensa, não tem nada a ver com o cara. O bacon vem do popular, e significa (imaginem só!) toicinho defumado (pasmem!). Enfim, se você algum dia for comer um x-bacon, ou botar bacon naquela sua feijoada, esqueça o filósofo. Provavelmente ele só pode te ajudar a encontrar onde tem gordura e onde não tem. Bom apetite!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O Gato de Schrödinger e Aniversários

Talvez o animal mais famoso da Física seja o maldito gato de Schrödinger. O pior é que o tão famigerado bicho nunca existiu. Na verdade, o seu dono só estava precisando de uma experiência IMAGINÁRIA para demonstrar algumas idéias da sua não menos doida Física Quântica.
Não vou entrar em detalhes sobre a Física Quântica, nem sobre seu colaborador Erwin Schrödinger. Vou entrar em detalhes sobre o gato. Imaginem uma coisa que tenha 50% de chance de matar alguém. Pois é, o dono do gato pensou em um, e colocou dentro de uma caixa junto com o gato. A caixa é, então, fechada de maneira que não é possível ver seu interior. A questão é: uma vez a caixa fechada, você nunca vai saber se o gato está morto ou não. O gato está, nesse momento, indeterminado. E esse indeterminado é uma coisa que, até hoje, deixa muita gente louca. Mas enfim, não é disso que quero falar - vamos seguir em frente. Daí você pensa "Aaaa... é só abrir a caixa e dar uma olhada." E eu digo "Aha! Surpresa! Se você abrir a caixa o meu "dispositivo-do-fim-do-mundo" lá dentro MATA o gato!". Daí você pensa "F@#$@udeu!". O que Schrödinger quiz demonstrar com essa tremenda brincadeira de mal gosto com a vida animal, é que, no mundo quântico, quando fazemos uma medida, interferimos no experimento de maneira decisiva, o que influencia nos resultados que extraímos, e mais um monte de coisa doida que é preciso fazer um bom curso de Física pra entender (fato que muita gente - acreditem, muuuuita gente - ignora).
Enfim, não se sinta previsível se eu disser que você deve estar pensando: "O que isso tudo tem a ver com aniversários?". É justamente esse o problema. A única forma de você saber seria lendo o artigo. Antes, a resposta para essa pergunta era indeterminada, até que você resolveu abrir a caixa e dar uma olhada. O que te leva a pensar que, se você não tivesse lido nada, você acharia que existia uma resposta para essa pergunta? Ou a resposta só passaria a existir, para você, à partir do momento que você lesse? Esse tipo de raciocínio levou a duas conclusões à respeito do comportamento quântico: primeiro, um corpo só possui uma posição quando você a mede; antes disso ele pode estar em (absolutamente) qualquer lugar. Segundo, o primeiro está, antes de mais nada, errado. Viu como a Física é divertida?
Mas para que ninguém feche essa página com raiva, dizendo que "esse pessoal que mexe com Física só serve pra enganar a gente", aí vai a resposta à pergunta: Einstein gostava de todos dois: o gato e aniversários. tanto que, quando um fotógrafo chegou pra ele e pediu: “Professor, faça uma pose para o seu aniversário”. E ele soltou a imagem que vou colocar no final do texto (isso é sério).
A curiosidade matou o gato, lembra?
Até mais!

Mapa do Labirinto